Panteão de Roma: A Engenharia Ancestral que Desafia o Tempo

Olá! Em nossa série sobre os tesouros de Roma, chegou a vez de um dos monumentos mais fascinantes e bem preservados do Império Romano: o Panteão. Venha conosco nesta jornada pela história, arquitetura e engenharia que o tornam uma maravilha atemporal.

História e Resiliência: Do Templo Pagão à Basílica Cristã

O Panteão está majestosamente situado na icônica Piazza della Rotonda, no coração de Roma. Sua história é marcada por resiliência e transformação. Originalmente, o monumento foi encomendado por Marco Vipsânio Agripa e construído durante o reinado do imperador Augusto, entre 27 a.C. e 25 a.C., servindo como um templo dedicado a todos os deuses romanos.

Ao longo dos séculos, o Panteão enfrentou desafios significativos. Após ser devastado por dois grandes incêndios, ele foi meticulosamente reconstruído. A primeira reconstrução ocorreu por volta de 80 d.C., sob o imperador Domiciano, e a segunda e mais significativa, que deu origem à estrutura que vemos hoje, foi realizada por Adriano por volta de 126 d.C. Não bastasse a destruição pelos incêndios, o Panteão também passou por uma grande restauração em 202 d.C., efetuada pelos imperadores Sétimo Severo e Caracala, fato confirmado por uma inscrição ainda visível em sua fachada.

Sua transição mais crucial, porém, ocorreu em 609 d.C. Foi nesse ano que o imperador Focas doou o edifício ao Papa Bonifácio IV, que o converteu em uma igreja cristã dedicada a Santa Maria e os Mártires. Essa conversão foi um fator determinante para a sua notável conservação ao longo dos séculos, já que edifícios sagrados tendiam a ser menos saqueados e desmantelados.

Apesar de sua nova função religiosa, o Panteão não ficou imune a intervenções questionáveis. Em 663 d.C., o imperador Constante II ordenou a remoção do teto de bronze. Séculos depois, no século XVII, o Papa Urbano VIII causou indignação ao derreter parte do bronze restante para usar na construção do Baldaquino de São Pedro e em canhões do Castelo Sant’Angelo. Essa ação gerou a famosa frase: “Quod non fecerunt barbari fecerunt Barberini” (“O que os bárbaros não fizeram, os Barberini fizeram”), em uma crítica mordaz à família do Papa.


A Maravilha Arquitetônica e a Cúpula Inovadora

A arquitetura do Panteão é um testemunho da genialidade romana. Sua planta circular é precedida por um impressionante pórtico com 16 grandes colunas monolíticas de granito, obtidas no Egito Romano. Cada uma dessas colunas pesava cerca de 60 toneladas, o que representou um desafio logístico monumental para a época, envolvendo transporte por terra e rio.

O grande destaque, no entanto, é a espetacular cúpula não aramada, a maior cúpula de concreto não reforçado do mundo. Formada por caixotões (cofres) de concreto, ela se mantém imponente por quase dois milênios. Para reduzir o peso colossal, os engenheiros romanos empregaram uma técnica engenhosa: a cúpula foi construída com “grandes favos de mel” — na verdade, o concreto era composto por agregados rochosos progressivamente menos densos em camadas, desde a base (com pedras mais pesadas) até o topo (com materiais mais leves como tufo e pedra-pomes), criando câmaras escondidas que aliviam o peso da estrutura.

No centro da cúpula, encontra-se o óculo, uma abertura circular de 9 metros de diâmetro que serve como a única fonte de luz natural do interior. O piso do Panteão, que preserva seu mármore original, possui um engenhoso sistema de drenagem para escoar a água da chuva que entra pelo óculo.

Uma curiosidade fascinante é a proporção perfeita do Panteão: a altura do óculo ao piso é exatamente igual ao diâmetro da circunferência interna (43,3 metros). Isso significa que uma esfera perfeita com esse diâmetro caberia precisamente dentro do Panteão, criando uma incrível sensação de harmonia e equilíbrio espacial. As paredes internas ainda exibem resquícios de suas cores originais, adicionando à grandiosidade do local.

Visitar o Panteão é uma experiência única, um mergulho na história e na engenharia que continua a inspirar. Você já teve a chance de explorar essa maravilha?

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